07 março, 2007

O Machismo dos Apóstolos?

Esta é uma das linhas de argumentações levantadas pelos que defendem o ministério feminino (pastoral). Alegando principalmente o fato de Paulo ser tão contundente ao recomendar a Timóteo seu discípulo, inclusive que as mulheres estivessem "caladas" na igreja.

Não quero aqui fazer apologia. Mas o problema reside não propriamente no fator cultural como alguns defendem, mas na visão focal do aspecto teológico em si relacionada a Deus e ao homem (raça humana).

Quem Deus criou primeiro? O homem(adão) ou a mulher(eva)? Quem foi enganado primeiro? O homem ou a mulher? Quem foi escolhido para auxiliar quem?

Parecem preconceitusoas estas perguntas; mas são apenas perguntas retóricas para tentar entender um pouco do por quê que o Apóstolo Paulo mensionou o assunto nesta ordem.

Paulo diz a Timóteo: "Não permito que a mulher ensine ou exerça autoridade de homem; esteja porém em silêncio. Por que, primeiro foi formado Adão, depois, Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão." (I Tm. 2.12-14)
E ainda para a Igreja em Corinto:
"pois o homem não foi feito da mulher, mas a mulher foi feita do homem. O homem não foi criado por causa da mulher, mas sim a mulher por causa do homem." (I Cor. 11:8,9)

Não podemos cair no risco de tentar inferirmos sob o prisma de conceitos que herdamos de nossos ancestrais, e à luz de uma visão sociológica impregnada de conceitos extremamente humanistas, encontrar soluções interpretativas deste texto que valide nosso "conceito" do que é ser machista. Isto além de uma inferência, seria de um anacronismo sem tamanho.

Vejamos exemplos do próprio Jesus:

Na cultura da época, seria um escândalo um rabino falar com uma mulher em público. Jesus que era tido como um respeitado rabino ainda fez pior: encontrou-se com uma samaritana que além de ser considerada impura à luz do judaismo por ser procedente de uma raça mestiça, de Samaria, ainda conversou com Jesus a sós em público. Ele quebrou um grande paradígma cultural, mostrando que seu evangelho estava além de barreiras humanas.


Joana e Suzana eram mulheres que seguiam o ministério de Jesus, inclusive o ajudavam bastante. Maria de Betânia, era outra mulher que aprendeu " teologia aos pés de Jesus". Outra mulher foi a sua própria mãe que o acompanhou até o momento final de sua morte. Então em face a estes exemplos, por que não poderia o mestre Jesus na escolha dos seus doze apóstolos, incluir no meio deles pelo menos umas duas dessas abnegadas mulheres? Ou na pior das hipóteses, sua mãe? Já que foi uma mulher tão piedosa, e exerceu tão fielmente seu chamado?


Nessas alturas já podemos perceber diante desses exemplos, que o problema da mulher ser colocada de fora do grupo seleto dos apóstolos de Cristo, não residia no fator cultural; pois Ele deu provas claras de que jamais discriminaria alguém, independente de sua posição social ou religiosa.


Deste modo, Jesus jamais foi tendencioso, ou "machista" de acordo com a cultura do século XXI. Logo, portanto, podemos concluir que o Apóstolo Paulo ao dizer para a Igreja em Corinto: "Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo" (Cor. 11.1), deixa implícito o quanto Jesus era o grande paradigma de seu ministério. Sendo assim, Paulo e os demais apóstolos de Cristo, por mais forçoso que sejamos na interpretação exegética, não foram absolutamente nem de longe, mesmo por inferência anacrônica, machistas.

Contudo, podemos observar que em nenhum momento antes, durante, e depois de Cristo, Deus deixou claro na Bíblia a validação do ministério pastoral feminino.

Por mais que se apele, por exemplo, para o sacerdócio universal de Cristo; na perspectiva inclusive de Martinho Lutero,que trata toda humanidade como seres iguais e aptos a experimentar a comunhão com Deus por meio do novo nascimento. Isto não define o aspecto pastoral no âmbito eclesiológico. Define apenas a aptdão humana para a experiência da Salvação em Cristo Jesus. Mas isso é outro assunto denso que merece mais um post.



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