26 fevereiro, 2007

A Conspiração da Carne

Resolvi escrever este post, depois que presenciei numa igreja uma cena envolvendo certo “homem de ministério” e uma jovem senhora, a qual estava sendo aconselhada pelo tal. Até aí tudo bem. O fato é que inusitadamente flagrei alguns pontos que me chamaram a atenção. Não entrarei em detalhes por questões de ética e por entender que isto me serviu apenas como inspiração para escrever sobre este assunto. Como os leitores deste blog são inteligentes, logo perceberão por trás das palavras escritas abaixo o teor deste conteúdo que será descoberto nas entrelinhas.

Porém quero iniciar o assunto contando-lhes uma breve narrativa alegórica:

Certo dia um cachorro faminto vinha andando pela rua quando de repente encontra um pedaço de carne. Estava ainda fresquinha. Instintivamente devora quase de uma bocanhada só. Mal sabia aquele cão que aquela carne continha veneno aplicado por alguém para matar cachorros de rua. Consequentemente como era de se esperar, o efeito mortífero daquele veneno agiu dentro de minutos, e logo o cão morreu.
Moral da história: O instinto natural falou mais alto, antes mesmo de se medir ou ponderar as conseqüências. O que no caso do cão só aconteceria isto se o mesmo fosse adestrado e treinado, para antes de dar a mordida na carne farejar se havia veneno ou alguma substância estranha ao seu faro.
Parando para pensar, será se o fato narrado acima não é aplicável a nossa realidade? Vejamos:

1 – Somos autoconfiantes em nosso próprio instinto

Esta questão de achar que vivemos em um estado acima do erro e do pecado, por estarmos agora investidos de uma autoridade Divina é muito perigosa. Corremos o risco de com isso nos sentirmos a margem do mal, e, por conseguinte subestimarmos a presença intrínseca do pecado em nosso agir. Em nenhuma parte da Bíblia verificamos o homem mesmo que tenha o Espírito de Deus, como ser imbatível ou indestrutível pelo mal. Isto porque existe uma herança maldita do pecado que o cerca o tempo todo, tentando derrubá-lo. O Apóstolo Paulo mesmo declara isto em sua carta aos romanos:

Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo.” (Rm cap.7.18)
“"No íntimo do meu ser tenho prazer na Lei de Deus;" mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros.” (Rm. 7.22,23)

Obviamente que Paulo ao mencionar a carne (sarx), neste contexto está retratando e confrontando o estado natural do homem, que tende sempre para o mal. Deste modo, quando esquecemos este estado no qual nos encontramos, nos tornamos autoconfiantes, isto é, nos estribamos em nosso próprio instinto carnal. Não é por acaso que a Bíblia nos adverte a vigiarmos e orarmos para não entrarmos em tentação (Mt. 26.41). Além disso, o próprio Jesus advertiu a seus discípulos que a carne (sarx) é fraca; e que também no mesmo contexto, o termo é relacionado à natureza pecaminosa do homem. Portanto, ao confiarmos em nossa própria capacidade humana, ou ao nos acharmos fortes o suficiente para encararmos o pecado, nos tornamos presunçosos, consequentemente orgulhosos e isto já precede a ruína espiritual: “O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda." (Pv. 16.18)

2 – Somos negligentes com os limites impostos ao homem

Em nenhum momento na Bíblia verificamos também alguma orientação ao homem desafiar os limites do pecado, isto é, negar por um momento o seu estado fraco e pecaminoso e encarar os limites de “peito aberto”. Pelo contrário. A Bíblia nos orienta a fugir do mal:
“...fugi da prostituição...” (I Cor. 6.18)
“...fugi da idolatria.” (I Cor. 10.14)

São exemplos de atitudes que devemos tomar em vista ao nosso estado pecaminoso que nos atrai naturalmente para o mal. Por isto devemos estar em alerta o tempo todo quanto aos limites que nos cercam. Eu diria que são muito tênues e enganosos. É necessário, portanto muita vigilância, mas isto por si só não basta. É preciso nos revestir da graça especial (gratìa speciális) manifestada em Jesus, para alcançarmos a total vitória sobre a nossa carne (sarx).
Jesus foi e é o único homem que não pecou na terra. Portanto é apenas nEle que devemos e podemos superar este estado maldito onde nos encontramos.

O problema não é entender isto; é esquecermos estes detalhes que estão intimamente tão ligados a nossa rotina da vida, a ponto de passarem despercebidos exatamente por fazerem parte do dia-a-dia de nossas vidas.

É nesse ínterim que a carne costuma conspirar contra nossa vida espiritual afetando nossa comunhão com Deus. Lembra do cachorro? Ele só quis saber de comer a carne e satisfazer o seu instinto. Talvez por estar tão acostumado a rotina de comer pedaços de carnes e migalhas pelas ruas, agiu tão naturalmente que quando percebeu que tinha algo errado na carne já era tarde demais. Será se conosco é diferente?

YHWH e a ESSÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO

Quando paro e reflito sobre os detalhes criativos e organizacionais do Criador do universo (YHWH), o Todo Poderoso "Eu Sou", percebo um nível intransponível de inteligência que nenhum ser racional (homo sapiens) na terra seria capaz de nem sequer aproximar-se. Tal é o grau de infinitude da grandeza deste poder. Notoriamente isto pode ser percebido antes mesmo de nos depararmos com a Bíblia: basta só observar a organização de toda a fauna, flora e biodiversidades de seres existentes no planeta terra. Pare e pense. Será que tudo isso surgiu de uma explosão de átomos e prótons apenas? Agora vamos a Bíblia: Ao observarmos a matriz da origem, ou seja, quando a palavra (logos) do "Eu Sou" tornou-se ativa através da própria ação que culminou na própria criação a partir de Gênesis 1, será se não dá para vermos nisto tudo um Deus organizado, desde sua criação? E será que hoje toda a natureza não é um reflexo do que é a glória do "Eu Sou" (YHWH) manifesta pela sua criação? Sem falar que tirando o desequilíbrio da natureza provocada pelo próprio homem, podemos observar através dela sob um prisma criacionista num mínimo um espetáculo de poder, inteligência, e organização.

E ainda tem pessoas querendo servir a esse Deus de qualquer forma. Igrejas querendo anarquisar a ordem correta e organizada da interpretação bíblica, provocando uma onda de inversão de valores. Mas o que isso tem haver com a criação? Leia os primeiros dois capítulos de Gênesis com calma e entenderás um pouco melhor sobre a essência da organização de YHWH.

17 fevereiro, 2007

Carnaval até nos tempos de Moisés!

Ao observar de longe esta "festa do carnaval" que a propósito, herdada de festas e cultos pagãos do passado, e que leva as pessoas a uma espécie de "compulsão antinomianista", ou seja, se rebelam contra todo e qualquer valor, princípio ou mesmo lei que regem e norteiam nossa cultura moral onde estamos inseridos.
Aqui no Brasil é assustador o quanto as pessoas perdem o senso dos limites e se lançam de forma desenfreada as orgias e práticas promíscuas danosas ao comportamento da sociedade.
Não obstante, a esta tão terrível realidade, ao nos reportarmos a Bíblia encontraremos fatos similarmente proporcionais. Basta observar em Êxodo 32, quando o povo já cansado de esperar seu líder Moisés que estava no monte falando com Deus. Não havia completado nem quarenta dias, e o povo logo decidiu adorar a outro deus. E Arão o representante de Moisés em sua ausência concorda e até ajuda a fazer a tal imagem; e sai um bezerro de ouro.
Após isto o povo é conclamado a fazer um dia de holocaustos, chamando até de dia do Senhor. Em seguida divertem-se a vontade! Originalmente isso tem um significado ainda mais forte - a total entrega do povo aos deleites e apetites carnais.
Isto nos leva a refletir na degradação moral do homem sem Deus. É o resultado da rebelião do homem com seu Criador. A morte espiritual é implacável e condenatória ao homem. Por isso ao observar este fato bíblico acontecido a mais de 3.000 anos atrás, nos leva a repensar o quanto a humanidade continua a mesma. Propensa ao mal e consequentemente distanciada de Deus. Felizmente foi manifestada a Sua Graça em Cristo Jesus para nos livrar deste tão sombrio estado de pecado. . "...Aquele que estiver em pé cuidado para que não caia." (Paulo a igreja em Corinto)

07 fevereiro, 2007

Autoconhecimento: O Paradoxo da relação com Deus!

A ciência moderna através da psicologia está investindo pesado na propagação da premissa de que o homem precisa se autoconhecer para melhor viver. Entretanto, nos séculos passados antes da psicologia propriamente dita a filosofia já era a grande plataforma do autoconhecimento através da gnose ou sabedoria, que se trata nada mais do que o próprio conhecimento. Diga-se de propósito que a filosofia foi e ainda é um grande campo de estudo e pesquisa da psicologia científica atual.

Mas quando falamos de gnose, conhecimento ou sabedoria que desemboca na própria filosofia, partimos de quais pressupostos?
Faz-se necessário entendermos irremediavelmente qual a origem filosófica do homem. Isto nos remete ao ponto crucial da história humana pós-criação - a opção do homem em conhecer o bem e o mal em sua própria perspectiva. Ou seja: No momento da conseqüente atitude de provar do fruto do conhecimento do bem e do mal, nasceu aí a meu ver o marco filosófico do próprio homem.

Explico:

Com esta atitude o homem adquiriu o conhecimento do bem e do mal como está explícito na Bíblia: “Então disse o SENHOR Deus: "Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal."” Gn 3.22.

Partindo deste princípio verificamos que desde então o próprio homem, em conseqüência, instituiu por assim dizer o conhecimento com base em sua própria plataforma elucubrativa. Isto por si só já caracterizou um rompimento em sua relação com Deus. Pois a partir desta desconciliação com Deus, o homem passa a ter como único pressuposto ele mesmo. Isto é, antes tinha Deus como Seu criador e Senhor; depois de provar do conhecimento do bem e do mal passa a “Senhor” do seu próprio saber, tentando se igualar a Deus.

Portanto o autoconhecimento denomina-se em síntese em um conhecimento humano, limitado e corrompido. E, por conseguinte, pressupõe-se presunção e arrogância conseqüentes de um estado pecaminoso originado pela desobediência do homem. As palavras do Apóstolo Paulo expressam em suma o paradoxo entre a filosofia, psicologia e em seu bojo o autoconhecimento e Deus:
“... falamos de sabedoria entre os que já têm maturidade, mas não da sabedoria desta era ou dos poderosos desta era, que estão sendo reduzidos a nada. Ao contrário, falamos da sabedoria de Deus, do mistério que estava oculto, o qual Deus preordenou, antes do princípio das eras, para a nossa glória.” I Cor 2.6,7