26 setembro, 2008

Geração dos “Xiitas Evangélicos”

Temos escrito nesse blog alguns posts relacionados a tradição nas igrejas e algumas nuances sobre a mesma. Entretanto, focando o assunto por uma perspectiva de contra-ponto da teologia integral; e sobretudo tendo por referência a Bíblia e a realidade do mundo em que vivemos. O que por sí só, toda esta perspectiva perfaz a missão integral na qual embasamos nossa teologia.

Pois bem.

Nesses últimos dias temos assistido alguns fatos lamentáveis no meio de algumas denominações evangélicas: (Não queremos aqui citar nomes, pois este blog não se coaduna com "fofocas virtuais" ou coisa parecida. Porém objetivamos encontrar uma realidade que nos seja analítica sob o prisma da teologia integral.)

Líderes denominacionais evangélicos brigando pelo poder. E o pior: parte deles tentando impor e manter a todo custo um sistema ditatorial e opressor valendo-se para isso de uma tradição de homens que já foi fincada na cruz com Cristo; mas insistem em continuarem a carregá-la mesmo que morta dentro de suas denominações.

Trata-se da tentativa de manipular a fé do povo em função de uma determinada ideologia ou tradição. O que podemos constatar, é que quase sempre por traz da "capa" da tradição ou do "véu" tradicionalista existe uma mente fechada, determinada, e acrescentaria: obstinada como a dos xiitas a ponto de promover se possível até uma "Jihad" (guerra santa), em nome de uma "visão" que carrega o nome de "Jesus".

Só carrega, mas sua práxis está a anos-luz de distância do verdadeiro Jesus e Seu Evangelho. Pois em vez de se humilharem e reconhecerem seus pecados de arrogância "espiritual', como se fossem "aiatolás" de um sistema (o que de certo modo não deixam de ser), buscam interesses da denominação e não do Evangelho.

Isto passa a configurar-se num culto a denominação (com sua tradição) em detrimento ao verdadeiro Culto a Deus na pessoa de Jesus de Nazaré.

É evidente que Jesus é infinitamente superior a tradições humanas ou a denominações "evangélicas" que na maioria dos casos institucionalizaram-se em função de si mesma, e esqueceram do foco central que é Jesus Cristo. Conseguintemente, focam sua metas e objetivos no exercício de interesses partidaristas e político-religiosos.

(Abrindo um parêntese no assunto) É por isso que a disputa está cada vez mais acirrada entre elas. A tv por exemplo, é o palco desta grotesca realidade. Basta só observar, o quanto várias denominações estão cada vez mais investindo em marketing via compra ou arrendamentos de horários em grandes emissoras de televisão com suas super-produções. Quando não, partem mesmo para a compra de seu próprio canal de tv. Isto sem falar nos seus conglomerados de empresas que vão desde aos parque gráficos, editoras, gravadoras, livrarias, rádios, shopings e até agência de pregadores. Quero deixar claro que não sou contra a utilização da midia, mas a motivação cobiçosa e presunçosa de seu uso(fecha parêntese).

Diante deste caos podemos listar pelo menos duas realidades extremas:

1 – A Clausura Denominacional e suas Tradições.

Esta realidade acaba limitando ou nivelando a cosmovisão do Evangelho de Cristo Jesus a partir de tradições ou rudimentos (como diria Paulo) de homens. Em face a este contexto, nos deparamos com uma motivação evangélica sectária, exclusivista e autocentralizada. Deste modo o Evangelho torna-se marginalizado das culturas e realidades, perdendo sua característica essencial – que é abranger todos os povos da terra. De fato o Evangelho marginal não é Evangelho. É apenas a caricatura dele. Muito embora algumas denominações se autoproclamem missionárias e até apostólicas, o que vemos na prática é uma campanha ferrenha de marketing pelo mundo em busca de adesões (e não conversões ao Evangelho) as suas respectivas estruturas denominacionais.

Jesus (na linguagem de mercado) passa a ser um "produto" híbrido, que se adequa as ideologias e dogmas de cada uma delas. Numa "Ele é pentecostal", noutra "é neopentecostal", em uma outra "é apenas convencional", e assim sucessivamente a lista segue sem fim.

Seria essa a verdadeira função missiológica da Igreja de Jesus aqui na terra?

Eu ousaria dizer que isto é uma anomalia do Evangelho genuíno. Mas infelizmente é isto que estamos vendo em algumas denominações tidas como cristãs.

E o que tem haver isto com a clausura denominacional?

É simples: Basta só observar a 'formatação teológica' que embasa a visão doutrinária de cada uma destas denominações; e descobriremos um sem número de divergências que no fim parece não haver como se pensar em uma unidade do corpo de Cristo aqui na terra. Pois na perspectiva destas tais, a única maneira de se enxergar o corpo de Cristo como Igreja é está de acordo com as suas "particulares" interpretações do que seria o Reino de Deus. Ou seja: O Reino de Deus para estes já chegou completamente. Suas denominações são as "únicas plataformas" dEle (ou em alguns casos o próprio "Reino dEle"), cujo maior objetivo é aumentarem suas estruturas e paradoxalmente se fecharem cada vez mais através do monopólio da fé por meio de suas lideranças.

Parece até que estamos diante de uma "torre de Babel denominacional"!

Mas aí você pergunta: E onde entraria a clausura denominacional exatamente e o quanto ela tem em comum com os xiitas? Eu respondo:

No fechamento limítrofe do Evangelho de Jesus a tradições de homens.

É neste ponto que a clausura denominacional acaba se encaixando com a visão xiita.

Mas antes, em primeiro lugar temos que fazer uma rápida e sintética abordagem para aqueles que não sabem ou nunca ouviram falar dos xiitas:

Os xiitas representam uma tribo ou ramo do Islam(ou Islão, que são os populares muçulmanos). Fazem frente a outra tribo islam chamada sunitas. Estes são maioria espalhados pelos povos muçulmanos. Contudo, estas tribos se tornaram mais populares nas regiões em que se localizam os países Iraque e Iran. O Iraque que embora com menoria sunita destacou-se com o seu ex-lider e falecido Sadam Hussein que como sunita tentou resistir com seu regime déspota a pressão xiita.

Estas guerras tribais já vem se desenrolando a séculos. Tudo por consequência genealógica de brigas por dinastias ligadas a linhagem de Maomé. Com o passar do tempo as disputas passaram a se posicionarem no campo ideológico-político-partidário embora mantendo porém suas raízes tribais e religiosas. Tornando-se hoje numa espécie de facção política dentro do islão. (saiba mais detalhes clicando aqui)

Mas voltando ao teor do nosso post:

Em segundo lugar, para termos uma melhor compreensão do assunto, podemos dizer em linhas gerais que hoje os xiitas são uma denominação muçulmana. Partindo desse prisma, podemos ter uma noção mais clara de como eles têm muitas coisas em comum com a clausura denominacional evangélica. Vou em breves palavras dizer o por quê:

Guardando as devidas proporções, basta só observar a realidade histórica e atual do Irã. Lá a população como já foi mencionado, praticamente inteira é composta de muçulmanos xiitas; o governo é controlado por aiatolás que são uma espécie de "papas","padres","pastores","bispos" ou "apóstolos" dos católicos e evangélicos ocidentais. Estes aiatolás estimulam um fanatismo religioso tal entre o povo iraniano, que o tornam cegos com relação a realidade externa no mundo. Incutem seus interesses políticos em formato religioso com Alá no "pano de fundo". Entretanto, fazem de um aparente amor próprio a máscara de seu ódio religioso a países e pessoas que não professam sua fé muçulmana.

Um exemplo de antagonismo a fé deles é a nação de Israel e seus aliados.

Já declararam inclusive abertamente que um de seus objetivos é eliminar Israel do mapa. Tudo porque um dos motivos, é que Israel (grande parte do povo judeu) segue a torá (Lei) de Iavé e não o alcorão de Alá e seu grande "messias" – o profeta Maomé. Na verdade por trás disso tudo tem o fundamentalismo islãmico no mundo árabe e seus regimes totalitários, somados a questão étnica e territorial da palestina; que formam um "barril de pólvoras" de tensão entre os muçulmanos e judeus que tem o Iran e Israel atualmente como palco das atenções.

Portanto, apenas como exemplo comparativo, a clausura denominacional do Iran seria o Islam com a visão xiita e seus aiatolás, que os aprisionam dentro de sua própria religião.

É dentro desta realidade que consigo enxergar pontos em comuns com o que estamos presenciando no meio evangélico (se é que poderíamos chamar assim) de algumas denominações. Quando seus líderes conduzem o povo com "braços de ferro" como se eles próprios fossem o referencial efetivo do Evangelho de Jesus.

Para tanto usam a "clausura" como forma de "prender" o pensamento cristão num modelo institucional humano. O que acaba provocando uma infantilização espiritual no meio do povo, tornando-os ainda mais dependentes de seus líderes. Consequentemente estes se tornam cada vez mais dependentes de um sistema institucional que já está viciado na hipocrisia de se achar evangélico. Porém, na prática são tão "xiitas" quanto os seguidores dos aiatolás iranianos.

Esta realidade faz-me reportar a situação de Israel nos tempos do profeta Jeremias:

A desordem espiritual tinha se instaurado no meio do povo israelita. Mas insistiam em manter suas práticas rituais, como se nada de anormal estivesse acontecendo. Fingiam servir a Deus, quando na prática estavam comprometidos com a idolatria e ao mesmo tempo com a conivência dos sacerdotes, que fechavam os olhos para infidelidade do povo por estarem "vendidos" ao sistema. Este sistema da época também estava viciado. Os valores e princípios de Deus tinham sido deturpados por estes sacerdotes inescrupulosos que estavam mais preocupados em satisfazer e satisfazer-se com o referido sistema (que envolvia aspectos políticos e religiosos com deuses pagãos), do que comprometidos com a verdadeira adoração a Deus. Não obstante a esta situação, Deus mandou o profeta Jeremias anunciar um juízo, isto é, um castigo como forma de disciplina pelos pecados dos sacerdotes e do povo.

Chama-me a atenção no texto discorrido por Jeremias quando Deus proclamou:

" O meu povo é tolo, eles não me conhecem, são crianças insensatas que nada compreendem. São hábeis para praticar o mal, mas não sabem fazer o bem." (Jer. 4.22; NVI)

Estas palavras parecem remontar o quadro atual de algumas denominações e seus líderes. Que por esquecerem o seu verdadeiro chamado evangélico, apelam para a clausura denominacional, fazendo um povo se tornar aderentes de uma instituição e suas tradições e não convertidos ao Evangelho de Cristo.

É por isso que estamos assistindo este quadro alarmante de pessoas que dizem professar uma fé evangélica, mas seu comportamento é de quem não conhece de fato a Deus. Por se tornarem tão dependentes da "fé" de terceiros, são como crianças insensatas que nada compreendem, por serem "vítimas" da infantilização promovida por uma "geração de xiitas evangélicos", (fechada para reformas ou melhoramentos que promovam o Evangelho de Jesus; independente de suas ambições institucionais ou denominacionais). Por isto, são hábeis para praticar o mal, mas não sabem fazer o bem.

Esta é uma das realidades extremas: "a clausura denominacional e suas tradições". A outra realidade extrema é:

2 - O Liberalismo Irresponsável em Nome da Graça de Deus.

Esta realidade irei tratar no próximo post...

Só a Deus toda Glória.

13 setembro, 2008

Jesus: “O Monstro denominacional” e o Caráter Pastoral

Continuando o final do post anterior, de fato este “monstro denominacional” está diante de nós, mas não queremos vê-lo como “monstro”.

Talvez seja mais fácil num estado quase de contemplação o vermos apenas como uma criatura mitológica da cristandade pós-moderna. Ou seria isso um pós-cristianismo?

Sinceramente tenho até me esforçado para enxergar um “Jesus” diversificado na Bíblia (para isso estou animado para aprender a falar hebraico e grego fluente); mas sabe que mesmo no hebraico e no grego do ponto de vista exegético só percebo uma convergência: Desde a criação da terra e de tudo que nela há e anterior a ela, todas as coisas começam e se encerram em uma unidade.

A unidade do unigênito de Deus – Jesus Cristo.

E falando em unidade por uma perspectiva etimológica, logo encontramos a qualidade do que é um.

Isto nos remete ao caráter santo, imutável e único do que é Jesus e sua Igreja aqui na terra.

Não é por acaso que o Apóstolo Paulo escrevendo a sua carta a Igreja em Colossos no capítulo 1 e verso 17,18 e 19 disse:

 Ele é antes de todas as coisas e nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a Igreja; é o princípio e primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia. Pois foi do agrado de Deus que nEle habitasse toda plenitude,...” (NVI)

Num momento em que a mídia está falando tanto em respeito à diversidade disso e daquilo outro (“quem tem ouvidos ouça”...), corremos um sério risco de relativizar a Graça de Deus nos padrões malignos com “capa” benigna.  

É em face a esta dura realidade que se faz urgentemente necessária uma reforma na Igreja Evangélica brasileira e porque não dizer mundial. Realizada por “Martinho Luteros e João Calvinos da vida atual”. Que se levantem pastores que de forma efetiva com o caráter de Cristo possam confrontar os padrões do mundo (maligno) com os do Evangelho de Jesus, buscando uma teologia pura e equilibrada de modo integral.

A propósito, o caráter de Cristo é eminentemente pastoral; Ele é o supremo Pastor. E já que estamos falando de caráter pastoral quero encerrar este post registrando uma homenagem realizada no dia 07 de setembro próximo passado, aos 30 anos de ministério pastoral do Pr. Messias de Castro e Silva (meu querido e amado pai). Na ocasião o presbítero Thiago Brazil proferiu um belo discurso em sua homenagem sob o tema: “O caráter do ministério pastoral”. (click aqui e leia na íntegra).