30 abril, 2007

Uma Espiritualidade Dualista

Não consigo entender como viver uma vida ambígua na qual uma hora sou espiritual noutra sou menos espiritual ou seria mais carnal; ou mesmo materialista e até racionalista. Que confusão!
Mas é exatamente esta balbúrdia teológica (?) que está sorrateiramente permeando a visão de muitos cristãos (?) chamados modernos e outros até pós-modernos.
Hoje o que vemos é uma enxurrada de novos conceitos, terminologias e filosofias de vida no meio dito cristão. Quero ressaltar por enquanto apenas uma: o humanismo disfarçado de cristianismo.
Mas o que é isso?
Sob uma alegativa de que Cristo quando esteve aqui na terra foi um tipo revolucionário (e de fato o foi, mas numa perspectiva diferente), traduzindo para os nossos dias seria como um homem averso as autoridades, religião e voltado a uma vida casualista sem compromisso formal com costumes ou forma de ser diante das pessoas. Em suma, um tipo "chefe de guerilha sem ser mercenário" lutando por ideais desde a justiça social a mudança de valores em uma determinada sociedade.

Mas cá entre nós: Isso por mais medieval que pareça, está mais para um tipo da geração pós-moderna ou não está?
Convenhamos que sim. Analisando o fato de que existe hoje inegavelmente uma forte tendência humanista no seio da igreja cristã no Brasil e em algumas partes do mundo como à partir dos EUA principalmente, percebemos um paralelo dualista que sutilmente está tomando conta de "cabeças pensantes" no meio cristão atual.

Vem então uma pergunta: Mas como discernir isto?
Uma espiritualidade plena requer compromisso pleno com o verdadeiro e puro evangelho deixado por Cristo e seus Apóstolos. Fora disso é impossível distinguir ou discernir uma espiritualidade dualista que toma conta aos poucos desta sociedade chamada pós-moderna voltada ao mundo globalizado.
Vem outra pergunta: Mas o que é necessariamente uma espiritualidade dualista?
De forma simples sem ser simplista podemos dizer que uma espiritualidade dualista é:

1 - Quando em alguns momentos deixamos Jesus como uma espécie de coadjuvante. Ou seja: Nos momentos que quero usufruir dos "prazeres e deleites" da vida o deixo a "tira-colo", pois meu alvo naquele momento é curtir a vida a meu modo. Ele pode depois me perdoar ou mesmo endossar o que faço, afinal de contas Ele também foi humano como eu e sabe como ninguém o quanto sou falho. É como se dissesse:

- Dá licença senhor?! Eu quero viver a minha vida. Depois a gente se acerta! Eu sei que tu me perdoas mesmo!?
Algum dia você já falou ou ouviu alguém do seu lado dizer mais ou menos assim:
- Deus que me perdôe, mas aquela pessoa é assim, assim e assim ?

Pois é exatamente este um tipo de espiritualidade(?) antropocêntrica, que paradoxalmente é centralizada; mas não em Jesus, e sim no próprio homem corrompido pelo pecado. Esse tipo é que nos faz muitas vezes não sabermos discernir onde está Jesus: No centro ou do lado?
2 - Quando em alguns momentos queremos Jesus como o protagonista. Ou seja: Nos momentos de dor onde não tem nenhuma saída lógica para a amarga circunstância, ou quando nos sentimos acuados diante dos incontáveis problemas que nos vem como intempéries da vida, ou mesmo naqueles cultos dominicais que levantamos nossas mãos como hipócritas à satisfazer a nossa consciência religiosa. É como se dissesse:

- Jesus, agora assuma o contrôle! Daí pra frente não dou mais conta de viver a minha vida. Sabe como é né?! agora me perdôa e faz a tua graça superabundar nos meus pecados e estamos kits!
Como disse no início, não consigo entender esse tipo de espiritualidade. Não dá para viver uma vida dicotomista onde ao mesmo tempo sou e não sou. É completamente incoerente com o que o próprio Jesus falou: "Ninguém pode servir a dois senhores"... (Mt 6.24)

Portanto, não estou falando nem tão pouco propondo outra espiritualidade. Contudo, estou buscando uma espiritualidade centrada em princípios simples, estabelecidos à partir da Bíblia Sagrada, e fundamentalmente à partir da palavra da cruz de Cristo, que sem sofismas entranhados em filosofismos baratos disfarçados como novo tipo de espiritualidade; não se comparam a palavras como estas de Paulo valendo-se das palavras proféticas de Isaías (referindo-se a mensagem da cruz) aos irmãos em Corinto quando disse:

" Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos". ( Cor. 1.19b)

25 abril, 2007

Igreja x Capitalismo: Contradição ou Perversão?

"Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com os santos princípios (sã doutrina) de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso e nada entende.

Esse tal mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em inveja, brigas, difamações, suspeitas malignas e atritos constantes entre aqueles que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro.


De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, "pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar;" por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos.
Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição,
pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.


Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos. "


Qualquer semelhança deste texto com o atual estado da Igreja Cristã no Brasil e no mundo não será mera coincidência. E quem foi que escreveu? Calma.


Não foi nenhum apóstolo(?) do século 21. Foi simplesmente o Apóstolo Paulo antes do século II d.C.. Precisa acrescentar mais alguma coisa?


Ah..... só que está escrito em I Tm. 6.3-10. E esta versão é NVI.

19 abril, 2007

O Encurralamento do Homem!


" Havia centenas de bilhões de opções e maneiras para evitar o que aconteceu hoje, afirma Cho Seung-Hui, em uma das 29 fitas de vídeo que enviou para a NBC, junto com cartas e fotos."
Depois da tragédia que chocou os EUA e o mundo esta semana, que embora comparativamente nem chegue perto dos 200 mortos ontem no Iraque com explosões de bombas, é dantesco não pelo número de mortes; mas pelas circunstâncias culturais e econômicas onde ocorreu este massacre.
Num país que teoricamente pela magnitude econômica e social deveria ser um exemplo de nação detentora de pessoas mais felizes, realizadas e bem resolvidas na vida. No entanto, paradoxalmente a esta realidade o que se vê é exatamente um exemplo de pessoas infelizes, deprimidas, inseguras e mal resolvidas na vida. Por quê isto?
"O encurralamento do homem!"
É isso mesmo. O que me vem em mente neste momento, é que o homem morto e já em estado de decomposição pelo pecado, por mais americano que seja, financeiramente estável, com a educação de nível superior de primeiro mundo, com a cultura aos seus pés e rodeado por FBI´s, exércitos e policiamento ostensivo contra o terrorismo, gerando uma sensação de segurança quase total; mesmo assim é vítima de uma conspiração interior que detetive algum por mais treinado que seja, seria capaz de descobrir a tempo.
Este jovem que certamente antes mesmo de premeditar toda esta barbárie, a julgar pelas suas próprias palavras gravadas, já sofria interiormente a pressão de ser "Deus", de ser um "Jesus Cristo". Apressando na sua sombria visão um juízo sobre "o mundo". Talvez em seu pensamento o seu mundo fosse "americano" representado por seu ambiente de convívio, que talvez representasse muitos outros "bilhões de motivos" para sua ação inqualificável.
O fato é que nisso tudo, vejo a representação do encurralamento humano, isto é, o homem sem Jesus é animalesco, intragável e condenado ao fracasso em todas as camadas e condições sociais.
Isto me deixa uma lição:
Posso ser feliz mesmo na falta do social, do educacional e econômico. Só não dá para ser feliz sem Jesus!
Do contrário serei encurralado pela minha própria mísera situação de pecado.


14 abril, 2007

Quando Deus te Desenhou Ele Estava Namorando? III

Em princípio quero destacar duas coisas:

A primeira é que o compositor Armandinho nada tem haver com com as elucubrações de alguém por conta de sua composição.

A segunda é que sua música foi composta sob influência romancista direcionada a uma relação humana e não transcendente.

É claro que o fato dele mencionar Deus como um desenhista não quer dizer necessariamente que está fazendo referência ao ato singular da criação do homem. A tônica da música parece remeter a um aspecto poemático que através de figuras de linguagens metafóricas, ilustra o sentimento de uma paixão e admiração pela figura do objeto do amor projetada numa pessoa.
Deus na música de Armandinho não passa de um coadjuvante do roteiro de uma peça musical onde o protagonista é a pessoa amada, objeto do amor e admiração por seu venerante, intepretado com fins românticos de um relacionamento a dois.
Entretanto, o tal "pastor" fez questão de ressaltar que é verdade. Deus estava namorando com Ele mesmo quando criou o homem! Pois Ele é amor.
Realmente de certo modo faz sentido. Deus é amor!
O problema aqui é interpretar esta letra sob um foco que não foi proposta para tanto. E o pior:
tentar explicar um amor, que diga-se de passagem, a partir do prisma humano, pecador e portanto totalmente limitado.

Por mais que este "pastor" tentasse extrair algum atropomorfismo desta letra, não funcionaria. Como uma criatura imporia algo na contra-mão de seu criador? É absurdamente ilógico e no mínimo uma arrogante tentativa de ser Deus.

O verdadeiro amor jamais poderá ser dissecado por um homem comum. Pois no dia que isso acontecer Deus deixará de ser Deus. Não obstante, ao fato dEle ser o próprio Amor e o Amor real ser Ele, só existiu e só existe um homem capaz de dissecar este amor - Jesus. Fora disso são apenas meras palavras tolas e vãs.

Interessante foi que no início como parte introdutória de seu sermão, este tal "pastor"conclamou a audiência presente a cantar esta música e que esquecesse o coração religioso que é como um "enfarto", segundo ele, para o espírito; e abrisse a alma.
Ele esqueceu que originalmente Deus plantou no homem a capacidade de relacionar-se com Ele. Após a queda pelo pecado aquela ligação direta foi cortada; restou apenas a "tomada". Esta "tomada" hoje é a característica natural do homem de querer ou de ter o fascínio pelo divino. Ela eu chamo de religiosidade humana. A mesma está plantada no coração do homem e a ligação direta (perdida na queda de Adão) foi recuperada em Cristo Jesus (o segundo Adão).
Portanto este papo de esquecer o coração religioso, parece para mim uma espécie de tentativa de emancipação espiritual, vivendo a uma revelia do que Deus estabeleceu.
Esse é lamentavelmente o retrato da apostasia (abandono da fé cristã) dos últimos tempos!

O Amor não se explica. O amor se pratica.

Quando Deus te Desenhou Ele Estava Namorando? II

Depois da intensa 'correria' acadêmica desta semana, enfim hoje continuarei o último post sobre o "tão sugestivo tema" proposto acima por um"pastor" que outrora foi um Pastor. ("Que tem ouvidos ouça...")

Por questões éticas prefiro omitir mais detalhes pessoais sobre ele. Mas para você que está mais antenado com os bastidores evangelicais, já deve está "matando a charada".

Como prometi no outro post, quero me ater sob o foco teológico do aspecto temático deste sermão. Mas antes gostaria que você primeiro meditasse na letra da música do compositor e cantor Armandinho que "inspirou" o tal "pastor" a pregar o "ungido" sermão(?) sob o referido tema.



Deguste:

Desenho de Deus


Armandinho


Quando Deus te desenhou ele tava namorando

Quando Deus te desenhou ele tava namorando

Na beira do mar

Na beira do mar do amor

Na beira do mar

Na beira do mar do amor

Quando Deus te desenhou ele tava namorando

Quando Deus te desenhou ele tava namorando

Na beira do mar

Na beira do mar do amor

Na beira do mar

Na beira do mar do amor

Papai do céu na hora de fazer você

Ele deve ter caprichado pra valer

Botou muita pureza no seu coração

e a sua humildade fez chamar minha atenção

tirou a sua voz do própolis do mel

e o teu sorriso lindo de algum lugar do céu

e o resto deve ser beleza exterior

mas o que tem por dentro para mim tem mais valor

Quando Deus te desenhou ele tava namorando

Quando Deus te desenhou ele tava namorando

Na beira do mar

Na beira do mar do amor

Na beira do mar

Na beira do mar do amor

Papai do céu na hora de fazer você

Ele deve ter caprichado pra valer

Botou muita pureza no seu coração

e a sua humildade fez chamar minha atenção

Da estrela mais bonita o brilho desse olhar

Diamante verdadeiro sua palavra foi buscar

e o resto deve ser beleza exterior

mas o que tem por dentro para mim tem mais valor

Quando Deus te desenhou ele tava namorando

Quando Deus te desenhou ele tava namorando

Na beira do mar

Na beira do mar do amor

Na beira do mar

Na beira do mar do amor


Que profundidade teológica nesta letra! Estou estupefato!
Daqui a pouco tem mais...
aguardem...

10 abril, 2007

Quando Deus te Desenhou Ele estava namorando?

Esse foi o tema de sermão (?) transmitido por um certo "pastor" que a tempos perdeu seu "cajado". Nesses dias o ouvi a titulo de pesquisa .
Pois é.
Antes de mais nada, quero deixar bem claro que não estou aqui para falar mal de ninguém, nem muito menos de pastores. Pois existem ainda muitos obreiros fiéis ao chamado que Deus lhes deu.
Mas quero denunciar o caráter apóstata de alguns que lamentavelmente perderam o seu "cajado" dado por Deus, e agora tentam pregar sermões filosóficos, pois não conseguem salgar sua mensagem com a essência da unção Divina.

Confesso que ao ouvir esse sermão com este "criativo"tema me esforcei para sentir algo penetrante, perscrutante e empolgante que penetrasse no meu espírito a ponto de me levar no mínimo a uma reflexão. Porém, no final me senti mais vazio, tedioso e frustrado por ter me sentido em meio a uma riqueza vocabular de palavras e ao mesmo tempo numa pobreza de harmonia linguística com o Sagrado, com o Senhor Jesus; num contraditório arcabouço de palavras desconexas do Espírito de Deus.
Parecia ter ouvindo um bronze que acabara de retinir.
Cheguei a sentir dó, em ouvir aquele homem que um dia foi tão usado por Deus, e hoje encontra-se num estado lamentável de no mínimo um equívoco ministerial.

No próximo post comentarei mais o aspecto temático e teológico desse pretenso sermão.

06 abril, 2007

O Método e a Igreja

Estamos em pleno feriado de páscoa, a tal "semana santa". Parece um momento propicio para pensarmos em alguns fatos ocorrentes no meio da Igreja de Cristo do século XXI.

Um dos fatos mais preocupantes e que está em crescente desenvolvimento é o uso do método em detrimento à ação pura do Evangelho.

Considero este fato um dos mais sutis e ardis planos malignos para confundir a essência do evangelho de Cristo, que é o poder e a glória que há no sacrificio e ressureição dEle.

Quando me reporto a isto, é no sentido de que os valores inegociáveis da pureza do Evangelho estão em cheque por meio de uma nova corrente de métodos chamados pós-modernos; que como uma avalanche de pressões extra-Bíblia estão vindo transvestidos de um novo modo de ser cristão. Num mundo avançado que precisa ser contextualizado através de uma cosmovisão holistica que integrará os povos e as culturas em torno da mensagem do evangelho.

Parece bonito não é mesmo?

Mas o pano de fundo disso tudo é uma visão cada vez mais próxima do anticristo.
É bem verdade que a mensagem das Boas Novas de Cristo está sendo divulgada e será mais ainda em toda a terra. Entretanto, no meio da Igreja está circulando uma linha tênue entre o método e a Bíblia. Pessoas valorizando métodos e esquecendo dos fundamentos, principios, valores e tradições bíblicas.

Em muitos redutos cristãos (?) o método está sobressaindo a Bíblia. Um exemplo disto, são alguns pastores implantando templos-clubes. Ou seja: Os templos são ao mesmo tempo lugar de cultos e ao redor dele, piscinas, quadras de esportes, teatro, academia de musculação e pasmem - até boate gospel, sob a alegação que isto é "missão integral". No aspecto social, segundo estes tais expoentes desta nova tendência, é a busca da reorganização das massas.

Uma confusão de valores humanistas e hedonistas é confundida com a verdadeira essência da Doutrina Bíblica Cristã.
Deus não necessita de métodos humanos para atrair pessoas às igrejas. O que Ele necessita é de verdadeiros obreiros adoradores, que estejam dispostos a pagar o preço da pureza do Evangelho de Cristo. Que preguem a palavra a tempo e fora de tempo, pois quem enche a Sua Igreja não são métodos humanos, mas a Glória de Deus que atrai os seus eleitos pela Sua Graça e Misericórdia.

Lamentavelmente percebo pastores que antes tinham uma fé pura e centrada na Bíblia; e hoje estão descambando, levados pela pressão da onda humanista de teólogos, defendendo uma posição contraditória aos pilares da Igreja Apostólica de Cristo Jesus.