24 junho, 2006

AS "LAODICÉIAS"

Atualmente vivemos numa realidade eclesiástica bastante comprometedora à eclesiologia bíblica cristã. Igrejas com suas estruturas "faraônicas" que mais parecem com os palácios de um "reinado papal", desenvolvidos para sustentar "monarcas" em suntuosos aposentos. Com base em um sistema administrativo humanista, centrado em modelos corporativistas, que no fim beneficiam mais a si do que ao povo cristão[?]. Mas o "mercado" exige um tipo de igreja mais comercial, digo, mais "espiritual", e não o tipo primitivo da igreja "modelo cristocêntrico", inaugurada pelos Apóstolos de Jesus. Já que a mesma, não preenche os requisitos exigidos pelo "mercado gospel", onde seus clientes, digo, os cristãos evangélicos[?], estão cada vez mais ligados ao "mundo business" e influenciados através de seus líderes com a idéia mercadológica do século 21, promovem uma verdadeira concorrência entre "igrejas" com seus modernos e pragmáticos métodos de gestão empresarial. A propósito, no próximo post desejo continuar falando sobre tal assunto que já vem me incomodando à algum tempo. Mas antes, degustem este artigo que achei bastante interessante e relevante dentro do que abordei nesse post, até porque a fonte deste artigo não é evangélica, diga-se de passagem. O autor é o jornalista e escritor Washington Araújo. Sinta só:
" O comércio natalino em 2005 se superou. Das 9 da manhã do dia 23 às 17 horas do dia 24 de dezembro o principal Shopping Center de Brasília esteve aberto. Foram 32 horas de desenfreado consumismo, com direito à música de pequenos grupos de jazz e até um dj alternando freneticamente as músicas no estilo hip-hop ou ao ritmo bate-estaca. As pessoas parecem se “produzir” para seu tour de compras. Nesses ambientes ninguém vai com a roupa de bater no dia a dia e sim, com a melhor roupa, aquela que se usava em anos passados para se assistir à missa nos domingos. Em tudo há um clima assim meio religioso. E isso já começa pelo aspecto exterior, quando não precisamos forçar muito a imaginação para discernir a arquitetura estilizada das catedrais, com seus enormes pórticos, vitrais nas laterais e a imensa cúpula central de vidro a filtrar a luz do dia. Não deixa de ser o templo dedicado ao Deus Mercado. Ao fundo podíamos ouvir uma música pós-moderna, mais animada que aquela usada para entreter os pacientes nos consultórios dos dentistas. Mas, invariavelmente, nos últimos cinco minutos do ofício de vendas se consumar somos alertados pela música clássica, suave e terna, que varia de Chopin a Vivaldi. Nas belas vitrines, com luzes direcionais focadas nos objetos de desejo - geralmente os mais caros -, sempre postos delicadamente sobre uma almofada em cetim negro ou carmesim, onde resplandece um relógio-jóia da marca Rolex ou uma caneta-tinteiro Montblanc ou mesmo um par de brincos do mais translúcido diamante. E os olhares piedosos se aglomeram em volta de cada nicho. Existe um quê de devoção e deslumbramento, uma expressão de intensa satisfação, uma verbalização de regozijo: “Realmente, uma jóia divina!” Observei em minha última peregrinação no ParkShopping (foto) que tudo ali parecia me transportar a um outro mundo, uma mundo mais limpo e mais belo.
Estranhei – como sempre estranho – a ausência total de mendigos, de pessoas mal-vestidas ou maltrapilhas. Nenhum menino de rua com suas coloridas jujubas à venda, nenhum flanelinha a me chamar de tio. Nenhum sinal de miséria ou indigência aparente. Apenas aquela indescritível miséria da alma a nos mostrar que a opulência em países como os nossos parece ser uma afronta, um tapa na cara daqueles que têm sua dignidade humana usurpada, vilmente explorada.
Nas lojas de griffe, geralmente com nomes em francês (Elle et Lui) ou inglês (Crawford) encontrava as belas sacerdotisas com suas refinadas vestimentas, extremamente maquiadas e com perfumes a exercer a tirania da juventude e que, no conjunto da obra, pareciam ter lugar cativo na comissão de frente que leva ao Paraíso. No transcorrer da compra é que podíamos demonstrar nossa real classe social: os que podiam pagar à vista entravam direto no paraíso, os que podiam pagar em 3 ou 6 parcelas seriam aqueles que, por dever ofício, permaneceriam por 3 ou 6 meses no purgatório e, finalmente, os que não podiam pagar, seja porque não havia saldo no banco nem no cartão de crédito, eram constrangedoramente encaminhados para o inferno.
Ao final desse passeio litúrgico fomos todos nos reunir em volta da mesa eucarística do McDonald´s. Mas apenas Lara não abriu mão de seu McLanche Feliz e a família se aboletou em uma mesa do Dom Francisco. Nestes templos tudo é transitório, efêmero. Nada dura muito, a começar pelo aparelho do celular que logo se danifica e que logo esperamos que isso aconteça para voltar a escolher entre os 20 novos modelos mais modernos e mais cheios de funções. São templos das aparências. Quando uma loja oferece 50% de desconto em um determinado final de semana… é porque subiu 60% no final de semana anterior.
Enquanto a verdadeira religião busca nos unir em torno de bons sentimentos, de amplitude do coração, de renovação das forças da alma, a religião do consumo reforça em cada um de nós o sentimento de exclusão, de apartação e de egoísmo. Se a primeira nos acena com a beleza da vida após a morte, quando então nos livraremos deste corpo e de todas as milhares de roupas – com griffe ou sem griffe – com que o agasalhamos ao longo dos anos, a segunda nos faz perceber – embora tardiamente – a futilidade de nossa existência e temos então a frustração ao constatar que o jogo da nossa vida não foi inteiramente jogado. Se a verdadeira religião nos ensina a sermos pessoas melhores, pessoas solidárias e cheias de amor e compaixão para com nosso semelhante, enfim humanos mais humanos a religião do consumo nos oferece ao fim desta vida passageira nada mais que um bom enterro de luxo, com direito a muitas corbeilles, a um caixão em madeira-de-lei, revestido de cetim branco e também uma solenidade fúnebre à altura de nossas posses. Quando isso acontece, podemos desde logo estar seguros de que nossa vida foi em vão. Pois, no final das contas, é bom estarmos bem cientes de que não levaremos nada de material conosco. Pois a beleza da vida está em nunca ter fim, em ultrapassarmos de um mundo a outro, com a mesma pureza de coração e a mesma serenidade de alma com que um dia fomos gerados. Nesse segundo caso teríamos um funeral simples, muito simples. Mas as lágrimas ali expressariam o amor sempre presente de pessoas que tanto amamos a nos dizer que faremos falta, muita falta.
Porque para quem tanto nos amou estaremos sempre vivos. E estes, não morrem nunca. "
Sentiu? Será se isto não são "as pedras clamando"? reflita. Continuo no próximo...

Fonte consultada:
http://www.ndnewsonline.com.br/index.php?a=mostra_araujo.php&ID_MATERIA=2182

06 junho, 2006

Os ortodoxos são "caretas" 2

Onde está o sábio? Onde está o erudito? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? (I Cor. 1.20)

Sabe, as vezes é patético vermos pessoas cristãs "brigando" entre si, como que a disputar quem é mais sábio ou melhor teologicamente. Nesses momentos lembro o quanto somos limitados e pecadores, carentes da graça de Deus. Mas essas tais pessoas parece que gostam de ostentar um certo grau de sabedoria e conhecimento humano. Ora, se tudo que fazemos deve ser para a glória de Deus, devemos também nos cuidar quanto a nossa postura "sábia" aos nossos próprios olhos. Foi esse o grande problema de Adão na hora de decidir obedecer ou não a ordem de Deus. Mas o que tem haver isso com a ortoxia? Simplesmente tudo. Pois afinal de contas os chamados liberais e neo-liberais, estão tentando à luz de sua pseudo-sabedoria desvirtuar a Bíblia através de novos conceitos puramente humanistas e utilitaristas. Ou seja, buscam alternativas menos "ortoxas" e mais adaptáveis a nova realidade sócio-cultural do mundo globalizado em que vivemos. Aos olhos destes tais, a visão "tradicional" do evangelho não cabe mais neste mundo pós-moderno. Em outras palavras, Deus parece que não é mais aquele dos profetas do Antigo Testamento, que exigia santidade, nem tão pouco que os usava para denunciar o pecado de uma nação apóstata. Claro, claro, a linguagem e os conhecimentos daquele tempo eram arcaicos comparados a realidade de hoje. Deus teve que que se modernizar na linguagem "popstar" de Cristo, afinal se não fosse assim o mundo não compreenderia Deus. Parece bonito né? Mas essa é uma filosofia barata e totalmente fora daquilo que foi, que é e que será o Deus Alfa e Ômega. O "EU SOU". Essa visão completamente infundada está se espalhando no mundo cristão[?] como uma praga que assola um rebanho de ovelhas. São pseudo-teólogos e pseudo-pastores que estão prestanto um des-serviço ao verdadeiro cristianismo através de uma completa relativização da Bíblia Sagrada. São esses tais que influenciados por esta onda de neo-ortoxia, desenbocando em um liberalismo disfarçado e até declarado, estão levando centenas e milhares de pessoas ao caminho da apostasia. Deixando-as tão fracas a ponto de seguirem qualquer vento de doutrina. São esses "sábios" homens eruditos, que com um discurso tão eloquente e retórico com alto poder de persuasão, que fazem hoje uma "igreja de sucesso". Uma igreja hodierna. Uma igreja "emergente". Se você se enamorou com ela, não fique triste. Bem vindo a "nova era"!; bem vindo a "geração Herry Potter" ou mesmo a de Dan Brow com seu "código Da Vinci". Mas se você é só mais um dos "caretas" ortodoxos que defendem a verdade absoluta contida na Bíblia como um livro inspirado por Deus, na contra-mão do pensamento moderno, não fique tão feliz assim; pois será Bem vindo apenas ao clube dos "quadrados" e "retrógrados" da teologia. Tem certeza que ainda quer continuar sendo um "careta" ortodoxo? eu quero.