24 setembro, 2007

O Capitalismo Selvagem Domesticado na “Igreja Cristã”

Preliminarmente, antes de falar de forma sucinta sobre o tema e apresentar um pensamento do teólogo Richard a respeito; desejo deixar claro antes que alguém me atire a primeira pedra, o seguinte:

Como já me referi em outros posts, quero destacar a existência de uma Igreja cristã verdadeiramente remanescente, comprometida com o verdadeiro Evangelho de Cristo. Contudo, esta Igreja não aparece na grande mídia e nem muito menos está na moda. Esta Igreja não busca ostentar um Cristo, mas vive-lo e expressá-lo através de atitudes simples, mas efetivas que na maioria dos casos só será reconhecida pelo próprio Jesus pessoalmente diante do Seu tribunal.


A propósito, nesse sentido muitas expectativas humanas serão frustradas.


Já imaginou aquela pessoa que a luz de preconceitos institucionais, denominacionais e, sobretudo sociais, baseado na sua posição financeira, um tipo "coitadinho" ou como se diz no "evangeliquês" – um irmãozinho (a); for reconhecido por Jesus?!

Já aqueles tão exclusivistas e ávidos pelo poder através do monopólio da fé que alavanca seus negócios eclesiásticos cada vez mais rentáveis e promissores no campo social em nome de Jesus; e que a luz humana são os ícones da igreja do sucesso e aclamados por multidões, serão ignorados do céu. Expulsos pelo próprio Cristo tão ostentado, mas pouco ou nenhum pouco vivido por estes pretensos cristãos.


É... Acho por enquanto que estas curtas, mas sinceras palavras revelam um pouco do meu pensamento relacionado ao assunto.


Vamos agora ao cerne do tema proposto para esse post:


Não obstante, a atual conjuntura econômica mundial promovida em grande parte pela globalização, podemos observar culturas antes fechadas como a da China e Japão, por exemplo; estão abrindo suas fronteiras para a cultura ocidental, antes tão incongruente a oriental.


Tudo em nome de um comércio mundial. Em outras palavras – puro interesse financeiro. O que tecnicamente o economista Karl Marx (século XIX) chamou de capitalismo. Ou seja: um sistema sócio-econômico em âmbito mundial.


Vem o capitalismo selvagem. E por que selvagem?


(Não quero aqui focar o aspecto técnico do termo em si, mas sua conotação social-religiosa.)


O capital financeiro hoje na moral moderna e globalizada vale mais que o ser. Isto é: o homem passa a representar um valor social-religioso pelo que tem, não pelo que é.


Aferir valores hoje, portanto, tem um cunho iminentemente capitalista. Mesmo que em detrimento a moral de uma cultura, seja ela qual for. Mesmo a despeito de fundamentalismos religiosos, antes inegociáveis em certas culturas unilateralistas e monoteístas, que por priorizarem o capital estão abrindo mão de seus referenciais. Isto é conseqüência desta era pós-moderna onde o capital prevalece em detrimento ao social.

Daí o capitalismo selvagem, que não respeita nada que vá contra aos interesses econômicos.

Lamentavelmente ao longo da história e no atual momento como conseqüência, guardando as devidas proporções, isto se reflete em meio a Igreja cristã no Brasil e no mundo. Onde em vez desta "Igreja" não se conformar com este sistema contrário aos ensinamentos do Evangelho de Cristo, inverte os valores, e o torna cada mais digerível e aceitável. Por isso que surpreendentemente o que parecia tão selvagem, hoje passa a ser domesticável e comum as atitudes de um "cristão".

Existe às vezes muito interesse em torno da Bíblia, não para segui-la com singeleza de coração. Mas para se buscar cada vez mais argumentos que justifiquem tal postura sob um pretexto de contextualização com um mundo pós-moderno.

Outro dia ouvi uma dessas "pérolas" pós-modernas do tipo: " Se Jesus viesse ao mundo hoje, não entraria em Jerusalém de jumento, mas de limusine ou num carro presidencial".

Ora, nada mais capitalista do que esse tipo de pensamento que "torna" Jesus cada vez mais um Cristo pós-moderno.

Lamentável e triste!

Vou parar por aqui... e deixar um pouco como prometido do pensamento do teólogo Richard Niebuhr em torno do assunto:

"Esta tendência para a concessão, que caracteriza toda história da Igreja, não é mais difícil de entender do que a semelhante e inevitável inclinação pela qual cada cristão adapta individualmente as exigências do Evangelho às necessidades da existência tanto no corpo quanto na sociedade civilizada. Tem-se afirmado com freqüência que nenhum ideal pode ser materializado sem perder parte de seu caráter ideal. Quando a liberdade passa a fazer parte de constituições, já se compromete. Quando a fraternidade elege dirigentes, abre mão de algumas qualidades ideais da irmandade em favor das necessidades de governo. O Evangelho de Cristo submete-se, particularmente, a esse tipo de sacrifício no interesse da institucionalização." (H, Richard Niebuhr, 1992, p.11)

Continuarei falando mais sobre isto no próximo post...


Charge extraída de: www.midiaindependente.org

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