29 outubro, 2007

Partidarismos Teológicos e Institucionais


Estou nesses últimos dias numa luta frenética para dá conta de muitas coisas em um curto espaço de tempo. Já que estou indo junto com minha esposa para o último mês de uma série de quatro anos internos em um seminário. Então são “n” coisas simultâneas para resolver, por isto estou meio ausente aqui no blog. A propósito, dia 1º de dezembro é a nossa tão esperada formatura!

Mas chega de papo, e vamos logo ao assunto proposto para este post:

Seguindo a série de pensamentos do teólogo H. Richard Niebuhr gostaria de tratar aqui sobre os partidarismos teológicos e institucionais que hoje cada vez mais estão se destacando em nossa realidade cristã.

Não quero aqui citar nomes, mas apenas refletir sobre o que está acontecendo atualmente no meio teológico e institucional. Por exemplo, já vi e ouvi várias pessoas falarem sobre uma teologia X que tais teólogos e conferencistas Y estão defendendo. Mas que está causando um estardalhaço entre polêmicas se esta tal teologia está de acordo ou não com os padrões bíblicos.

Enquanto isso, a platéia desses teólogos e conferencistas está a cada dia tornando-se mais concorrida. E o pior – os demais conferencistas estão incomodados com uma sensível perda de clientela, digo, de ouvintes em suas palestras, sermões e etc.

Conseqüentemente vemos umas pessoas se dizendo simpatizantes dessa ou daquela linha teológica; por isto preferem freqüentar a igreja do pastor e Teólogo Y porque é melhor do que a igreja do Z.

No entanto, como efeito dominó vemos algumas instituições denominacionais por trás destes tais teólogos tidas como igrejas, adotarem uma espécie de concorrência para não perder seus fiéis. E adotam novas fórmulas em sua visão teológica e em seu conteúdo doutrinário.

Pareceria até interessante uma reforma teológica e doutrinária se o propósito último não fosse além de segurar seus fiéis, multiplicá-los e faturar ainda mais. Porém com um detalhe: canalizados totalmente para a tal instituição com o nome de igreja.

O contrário disso não seria interessante; pois apenas fará render ($) mais fiéis para a outra instituição. Por isto a ordem é incrementar em nome da competitividade teológica e institucional, mesmo que em detrimento a valores e princípios bíblicos. Ou seja: é melhor seguir "a onda do momento" do que perder "fiéis".

Percebeu o contra-senso?

Esta, lamentavelmente é uma das faces da cruel realidade “cristã” na qual estamos inseridos.

Mas será se isto é o genuíno Evangelho de Cristo? Não vivemos em mundo cada vez mais moderno? Será se Cristo mudou?

As respostas concretas a estas perguntas estão a partir da Bíblia. O problema é que não queremos mais segui-la e nem tão pouco vivenciá-la como um axioma de nossas vidas.

A teologia fabricada a base da arrogância humana de alguns teólogos pós-modernos vale mais que a teologia interpretada e vivenciada a luz de Cristo pelo Apóstolo Paulo por exemplo. Pois a teologia dele além de ultrapassada, não satisfaz os anseios do homem moderno; que cada vez mais procura um tipo de “Deus” que se encaixe com os seus ideais de sucesso, não de sofrimentos e humilhação como a de um Paulo da vida, que morreu quase abandonado por alguns.

Este é um sombrio retrato da caricatura de um tipo de evangelho que não corresponde absolutamente em nada ao de Cristo.

Senão, veja só nas palavras, eu diria inspiradas de H. Richard Niebuhr:

"A condenação do Evangelho das divisões humanas é um de seus elementos mais característicos e atraentes. O espírito de Jesus revoltou-se contra a distinção de classes entre os judeus, resultando numa minoria justa e na maioria ímpia. Ele falou aos pobres rejeitados das promessas do Reino; viu num samaritano que conhecia o significado da solidariedade humana o típico filho de Deus; ignorando o nacionalismo de judeus e romanos, Jesus encontrou mais fé no coração do centurião do que no povo escolhido e buscou a glória nacional no papel de um servo sofredor. O ideal implícito no ensino de Jesus tornou-se explícito em Paulo. Este Apóstolo não somente recusou reconhecer as diferenças religiosas entre partidos de Pedro, Apolo, Paulo e Cristo, mas - o que é mais importante - mostrou aos seus convertidos que em Cristo não pode haver nem judeus nem gregos, nem homem nem mulher, nem escravo nem livre, e que em Deus "não há acepção de pessoas". Reconhecendo a diversidade de dons, Paulo resistiu a permanente tendência para ver nas diferenças o pretexto para divisão e desenvolveu a explêndida teoria da unidade orgânica que permanece para sempre em constituição ideal da sociedade cristã. Em Tiago o espírito de igualdade em Cristo coloca-nos de novo frente à vigorosa condenação daqueles que continuam a observar no culto do Senhor as distinções entre ricos e pobres que o mundo aprecia. O grande intérprete efésio do Evangelho reconheceu em Cristo não somente o logos divino que ordena o mundo, mas também o Filho, que é ao mesmo tempo filho e irmão, e cujo profundo desejo é "que todos sejam um". O sentido fundamental de seu ensino é somente interpretável em termos de amor sacrificial." ( Niebuhr, Richard, H., 1992, p.14)

Estas palavras de Niebuhr corroboram para o axioma da teologia integral defendida por este blog. Que é embasada na missão integral da Igreja de Cristo na perspectiva de Seu Evangelho.

Concomitantemente isto parece uma utopia vista pelo prisma do evangelho baseado em partidarismos teológicos e institucionais.

Mas lembre-se: só parece, mas pode ser perfeitamente real a partir de nossas vidas se assim o quisermos.

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