10 julho, 2006

"AS LAODICÉIAS" 2

Tenho demorado a postar nesses últimos dias devido as viagens de férias que temos feito, eu e minha esposa. Uma viagem ministerial, diga-se de passagem, pois embora de férias da faculdade, estamos à todo vapor pregando a palavra de Deus nas igrejas aqui em Santa Catarina.
No último post, incluí um artigo do jornalista e escritor Washington Araújo. Suas palavras ali escritas estampam uma realidade que reflete cada vez mais o cotidiano das igrejas chamadas pós-modernas ou liberais; como queiram. O "Deus mercado" está impondo um tipo de contra-cultura bíblica. Seduzindo muitos pastores e líderes à cairem na armadilha da matemática comercial. Ou seja, na lógica do mercado financeiro que comercializa tudo e mais um pouco, não importando os meios, mas os fins. Com isso, há um enfraquecimento e um consequente empobrecimento espiritual e teológico nas igrejas, culminando em uma rede de comércio de "produtos da fé". "Produtos" estes direcionados a todo tipo de público consumidor. Desde o mais intelectual e de condição financeira elevada, ao mais leigo e proletário, de condição sub-humana. As chamadas "igrejas emergentes", estão numa concorrência de mercado nunca antes vista. São criativos e inovam à cada dia, em busca do seu público alvo. Vale todas as estratagemas possíveis, que vão do marketing publicitário à ofertas mirabolantes de "milagres" e "prodígios" que nem os Apóstolos nos tempos de Cristo ousaram tanto. Nesses dias recebi um e-mail com uma notícia de que várias pessoas em São Paulo estão processando "igrejas", por terem sido enganadas pelas mesmas por promessas falsas de prosperidade e cura. Um casal chegou a vender seu apartamento e carro para participar de uma "capanha de fé", e por não receberem em troca o dobro do que tinha dado, entraram com uma ação judicial contra uma dessas tais "igrejas". Veja a que ponto estamos chegando. Lamentavelmente os escândalos de igrejas estão por aí batendo nas portas da sociedade através dos meios de comunicação. Na realidade sabemos que isso tudo é cumprimento bíblico; " Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis..."( 2Tm 3.1). O "deus mercado" está influenciando infelizmente os cristãos a seguir os padrões seculares que só satisfazem a cobiça da carne. Por conseguinte, verificamos estas pseudo-igrejas crescendo de forma alarmante. Atraem "fiéis" em multidões que se auto-enganam num evangelho comprometido com o mundo e o pecado. Estes usam a máscara de cristão, mas nunca de fato experimentaram a essência do que é o evangelho pregado pelos apóstolos da Bíblia, do contrário seriam verdadeiros servos piedosos e dispostos a resistir a pressão do "deus mercado". O triste é que a igreja de Laodicéia citada no livro de Apocalipse, pode ser comparada hoje ao tipo de "igreja emergente e atual". Sua visão e ideologia está se transformando eu diria, quase que num padrão pragmático de gestão pastoral. Enquanto que o modelo da igreja de Filadélfia, à um padrão no mínimo fora de moda. Um estigma para as pós-modernas ou como o nome sugere: "laodicéias".

4 comentários:

Seloti disse...

Oi Messias,

Li seu post e tive que concordar com muito do que você escreveu, mas creio ter havido uma confusão quando você se refere a essas igrejas como "emergentes". Na verdade, existem sim "igrejas emergentes", mas elas são ligadas ao pós-modernismo no sentido de serem relevantes à essa geração e fazendo os enxergar a Deus. Para isso, essas igrejas abrem mão de estratégias ligadas ao modernismo e ao materialismo, para se tornarem o mais próximo possível do exemplo bíblico de Atos.
Alias, é até dificil encontrar igrejas como essa por que normalmente elas acontecem em casas e não chamam a atenção para si através de publicidades, mas apontam para Deus com muita simplicidade.
Alguns outros blogs podem te ajudar a entender melhor a respeito:

http://lfbatista.blogspot.com/
http://simplice.net

Há muito mais a ser dito. Podemos continuar esse diálogo numa próxima oportunidade.
Espero que tenha entendido o que quis dizer.

Abraço

Messias Júnior disse...

Olá Alexandre,

Grato pelo seu comentário e pela sinceridade de suas palavras. É sempre bom mantermos um diálogo aberto e construtivo. Entendi o seu ponto de vista, porém talvez você não tenha entendido a temática do post em questão. O fato é que ao mencionar "as igrejas emergentes", que é atualmente um movimento em voga,(originou-se entre os americanos e ingleses), as quais estruturaram-se com esta terminologia apenas, segundo elas, com o objetivo de contextualizar-se num mundo pós-moderno e pós-cristão, com um "jeito de ser" igreja no mundo de hoje. Ou seja, estão no meu entender, completamente influenciadas por uma teologia neo-ortoxa. Culminando ambos num liberalismo equidistante da teologia essencialmente bíblica, pregada pelos Apóstolos de Jesus a partir de Atos, ainda na época da igreja primitiva. Portanto, entendo que à luz da Bíblia Sagrada, só existe uma igreja. Esta não precisa emergir, pois nunca submergiu. Ela é "invisível", pois só Jesus à ver. Não precisa de subterfúgios humanistas, sob alegações de que precisa contextualizar-se com a pós-modernidade. Jesus é o centro e o cabeça desta Igreja. Entretanto, Jesus como Senhor não depende do homem para estabelecer os seus planos sobre a mesma. Apenas o escolheu como parte do plano soberano de Deus para salvação, pela Sua infinita Graça.
Agradeço-lhe pela sugestão dos blogs que você indicou. Tive dando uma olhada e não me acrescentaram em nada sobre o assunto. Abaixo Deixo-lhe uma ótima indicação de blog que com certeza o ajudará a compreender bem melhor o assunto:
http://tempora-mores.blogspot.com/2006/06/neo-ortodoxia-emergente.html

Abraços...
Espero ter esclarecido...

Seloti disse...

Já havia lido o blog que você indicou. Infelizmente, ele só me ajuda a enxergar o quanto eu já errei ao rotular o desconhecido. Mas creio que isso seja natural, dado o medo que possuimos do "novo". Mesmo assim, não me refiro a uma "nova igreja", mas a uma forma de voltar ao princípio de tudo, e entender a Igreja da forma como Jesus a entendia, e não da forma como nos acostumamos, e nem da forma como nos deixamos entender como o "jeito certo de ser igreja, independente das culturas locais". Até porque, concordo contigo, "Jesus é o centro e o cabeça desta Igreja", seja ela tradicional, pentecostal, celular, histórica, nas casas, dirigida por propósitos, emergente, etc.
Apenas continuo afirmando que "liberalismo" e "igreja emergente" não cabem na mesma frase, a não ser negando uma expressão a outra.
E o nome emergente não tem origem no fato de a Igreja do Senhor estar submergida em algo, mas na forma como a mesma Igreja se manifesta de forma espontânea em diversas culturas, em uma mesma geração, partindo do próprio povo e de forma descentralizada.
Vai mais uma dica pra entender o movimento (pena estar apenas em inglês): 'Emerging Churches' de Eddie Gibbs.
No amor de Cristo, o Cabeça da Igreja...

Messias Júnior disse...

Querido Alexandre,

Entendi bem seu comentário. Concordo contigo quanto ao cuidado que devemos ter ao rotular algo que não conhecemos, e acrescento mais - a rotular o que já está estabelecido por Deus. É exatamente estas coisas que tenho temor e tremor. Contudo, acho relevante procurar entender o verdadeiro conceito de Igreja à luz da Bíblia. Quando você comentou a respeito de voltar ao princípio de tudo como Igreja, se foi no sentindo de restaurar os padrões estabelecidos pela Bíblia sob a tutela de Cristo, continuo de acordo contigo. Todavia, faz-se necessário indagarmos que forma de Igreja é esta que Jesus entendia.
1 - Para entermos de fato o conceito de Igreja à luz da Bíblia, é fundamental analisarmos a idéia inicial e estrutural dela a partir do Antigo Testamento. Deus desde os primórdios tempos já havia estabelecido os moldes de sua Igreja. Basta observarmos os princípios regimentais estabelecidos a partir das alianças e pactos formalizados por Deus ao homem. Abraão foi o escolhido para introduzir a semente do modo de governo teocrático e eclesiológico que apontaria para o corpo docente(governo), e discente(discípulos)da futura igreja. No desenrolar da história de Israel, podemos verificar o desenvolvimento destes princípios.
2 - No Novo Testamento, Jesus como descendente da linhagem pactual de Deus(Pai) com o homem através de Abraão, não veio contradizer estes princípios, mas veio primordialmente para cumprir uma missão já antes pré-estabelecida,isto é, reconciliar o homem através da sua morte e redenção. Por conseguinte, a isto, restabelecer o plano original de Deus, fundamentando a Igreja agora num pilar cristocêntrico. Entretanto, a missão de formalizar uma igreja contemporânea a Jesus no sentido eclesiológico, foi dada por Ele mesmo aos seus Apóstolos: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado".
(Mt 28.19,20)
3 - A inauguração da Igreja do Senhor Jesus, foi de fato a partir dos Apóstolos e seus discípulos. Quando após o derramamento do Espírito Santo de Deus (Atos dos Apóstolos 2), foi institucionalizado, digamos assim, o corpo de Cristo; sob os princípios outrora já estabelecidos por Deus como modelo estrutural para a Sua Igreja. Foi daí que os próprios Apóstolos como autoridades máximas constituídas por Jesus na comunidade cristã da época, instituiram diáconos e presbíteros, restabelecendo assim, os princípios de governo teocrático dentro de uma estrutura eclesiológica. Onde a centralidade desse governo é Jesus Cristo, no qual toda esta estrutura hierárquica e organizacional labuta para o fim supremo: que é congregar pessoas que convivam harmoniosamente em comum submissão em amor a Cristo, sob estes princípios bíblicos. Hoje são representadas através dos pastores ou presbíteros.

Portanto, no meu entender, não existe e nem existirá igreja sem antes ter uma estrutura eclesial nos padrões apostólicos. Do contrário não passarão de rótulos ou inovações(como igreja emergente, igreja celular,igreja pós-cristã, etc.) que no meu entender, não quer dizer nada em termos relevantes para uma Igreja de fato. Ao meu ver, não passam de modismos ou tendências humanas, que não caracteriza epistemologicamente o verdadeiro sentido axiomático do que é a Igreja de Jesus.

Abraços,

Que Deus em Cristo por meio de Sua Graça nos guie pelas veredas da Sua Justiça.